Um cearense está entre os dez presos em operação da Polícia Federal
contra o terrorismo deflagrada ontem. Batizada Operação Hashtag, a ação
ainda executou 19 mandados de busca e apreensão, sendo um no Ceará, e
duas conduções coercitivas, além de prever mais duas prisões. O homem
detido no Estado foi conduzido à sede da Polícia Federal. Ele é parte do
grupo acusado de, através dos aplicativos Whatsapp e Telegram, promover
o Estado Islâmico (EI) e colocar o Brasil como possível alvo de ataques
em virtude dos Jogos Olímpicos, em agosto.
Conforme a
PF, os mandados de prisão temporária foram cumpridos em dez estados. No
Nordeste, além do Ceará, foi identificado um suspeito na Paraíba. Para
emitir as ordens de prisão, a Justiça considerou que os suspeitos
“defendiam a intolerância racial, de gênero e religiosa, assim como o
uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos”.
O
cearense e os outros nove acusados têm entre 20 e 40 anos. O grupo se
identificava com nomes árabes. Seis deles já haviam concretizado o
batismo no EI através da Internet, publicavam vídeos de execuções e
exaltavam os atentados recentes na França e nos Estados Unidos.
De
acordo com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o grupo teria
executado atos de planejamento do crime, como a intenção de compra de um
fuzil AK 47 em um site do Paraguai e de aprendizagem de artes marciais e
treinamento de tiro. “Um deles se mostrava como líder e indicava que
eles começassem os treinamentos e pensassem em formas de financiamento”,
afirmou o ministro, ontem, em coletiva de imprensa em Brasília. O
“líder” foi preso em Santa Catarina.
No País, cem pessoas são
rastreadas pela Polícia Federal em relação a terrorismo. O monitoramento
específico do grupo de suspeitos do qual o cearense faz parte começou
em abril. As informações divulgadas dão conta de que não houve contato
direto com membros do EI e nenhum alvo de ataque no Brasil foi
identificado. “(Eles) citam em conversas a questão de atirar, por causa
da AK 47. Em nenhum momento eles falam em bombas, por exemplo”, afirmou o
ministro. Ele considerou a célula amadora e destacou que haverá
prioridade para perícia do material apreendido.
Liderança
O
juiz que expediu as ordens de prisão, Alexandre Moraes, é da 14ª Vara
da Justiça Federal em Curitiba. Ele não confirmou que haveria um líder
do grupo e disse que essa definição exigiria uma “organização maior”. O
homem preso no Ceará, junto ao restante dos presos, fazia parte de um
grupo no Facebook intitulado Defensores do Sharia, segundo a PF. Nenhum
dos presos possui ascendência árabe.
De acordo com o
juiz, os presos podem responder por dois crimes: promover, constituir,
integrar ou prestar auxílio a organização terrorista, que pode acarretar
pena de cinco a oito anos mais multa; e realizar atos preparatórios de
terrorismo para consumar tal prática. Dois dos suspeitos já respondem
por homicídio.
O jurista Walter Maierovitch explicou ao O
POVO que o grupo desarticulado ontem poderia fazer parte do legado
deixado pelo terrorista Osama Bin Laden, que difundiu o lema “faça você
mesmo a sua parte”. “Eles querem combater os infiéis pelo mundo,
instalar um califado e purificar todos os que não atuam aí”, explicou.
Walter, entretanto, diz que não vê espaço para o EI no Brasil. “Essas
células só se constituem em territórios onde existem comunidades. Eles
não se instalam do nada”.
Esta foi a primeira vez que houve operação policial referente à lei 13.260/2016, que trata de terrorismo. (com agências)
Saiba mais
Os mandados
foram cumpridos em São Paulo (quatro prisões), Minas Gerais, Goiás,
Mato Grosso, Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná, além
de Ceará e Paraíba.
Também são investigados um adolescente e uma ONG com atuação humanitária. A notícia repercutiu internacionalmente.
Fonte: O Povo Online
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