MINHA OPINIÃO SOBRE A MORTE DO MENINO BRUCE CRISTIAN

Ora, tenho procurado acompanhar na medida do possível todas as notícias acerca do fato e, o que vejo são repetições, exaustivas repetições.

Se falam sempre a mesma coisa. A notícia é praticamente a mesma sempre, mudando-se apenas os repórteres ou entrevistados.

Eu, todavia, depois de lê e re-lê muitas dessas notícias, quero trazer minha opinião acerca do fato.

Em primeiro lugar gostaria de expressar extremo pesar e solidariedade à família do garoto que teve sua vida ceifada por tamanha imperícia e inexperiência de um representante do Estado. Entretanto, quero me solidarizar também com o policial, soldado Silveira, bem como, com sua família, que a meu ver sofrem de igual modo.

Alguém talvez pergunte: Mas, porque se solidarizar com um assassino?

Simples. Para mim, tanto o menino Cristian como o policial Silveira são duas vitimas do sistema falido que temos atualmente conhecido como “segurança pública”.

Sei que nessa hora é muito fácil acusar, culpar e denunciar, nesse caso, o policial. Tudo muito fácil. “Todo mundo” quer uma casquinha.

Mas, não vi ainda ninguém preocupado em ouvir o outro lado. Não observei nenhum repórter tentando conversar com a esposa do policial, que, segundo informações está grávida de oito meses. Não vi ninguém tentando saber como está a família dele. Ainda não vi ninguém tentando ver qual o perfil desse policial durante os anos que tem como funcionário público. Não vi ninguém tentando saber o que ele está vivendo no momento, ou ao menos, se está arrependido do disparo irrefletido.

Nessa hora, é muito fácil condenar. “Crucifica-o”!!!

Mas, não se procura ver qual tipo e quanto tempo de preparação esse policial teve para está com uma pistola semi-automática nas ruas de nossa cidade.

Não se procura analisar quantos dias esse policial está trabalhando ininterruptamente sem um descanso ou passeio com sua família.

Não se procura saber quantos cursos práticos de tiro esse policial realizou para está exercendo sua função com uma arma tão letal.

Não se preocupam em observar quais os atuais incentivos que esse policial estava tendo do próprio governo do Estado para auspiciosamente está desempenhando sua função.

Não se procura saber quantas vezes esse policial entrou em uma favela para socorrer uma vítima.

Não se procura saber quantas trocas de tiros ele teve com bandidos para resguardar ou salvar a vida de vários cidadãos, colocando a sua própria em risco.

Não se procura saber quantas armas esse também jovem policial tirou das ruas evitando centenas de homicídios.

Não se procura saber quantos delinqüentes esse inexperiente policial extraiu do seio da sociedade impedindo que dezenas de pessoas fossem novas vitimas.

Não. Infelizmente não se olham nada disso.

Foi assim com Jesus, não esqueçam.

Crucifica-o! Crucifica-o! Era a voz uníssona que se ouvia daqueles que haviam visto e presenciado tantos milagres e restaurações daquele ser inculpável.

Se foi assim com Jesus que nenhum mal fez para que fosse morto, imagine com um jovem e inexperiente policial que atira imprudentemente na direção de um “alvo” inocente, ambos vítima de um mesmo sistema que se preocupa apenas consigo.

Esse policial, para mim, é uma vitima desse sistema falido, assim como, sua família e a família desse menininho que no paraíso já está com o Senhor o qual Ele servia – o Jesus que outrora fora crucificado.

Aqui deixo essa reflexão com temor e tremor, sentindo a dor de um pai que perdeu um filho tão prematuramente, mas, sentindo também a dor de uma família que está vendo seu filho ser crucificado sem ter ao menos o direito de pedir perdão.

Pense nisto e não seja mais um dos que gritam dizendo: Crucifica-o!

Mário Eugênio

Fortaleza, 28 de julho de 2010