Neste ao, 28
pessoas foram mortas em oito casos de triplo homicídio e uma chacina (a partir
de quatro vítimas) no Ceará. A informação é da assessoria de Análise
Estatística e Criminal (Aaesc) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS). Mesmo sendo casos que tiveram certa repercussão pela quantidade
de vítimas, apenas um teve o inquérito concluído. Dos outros oito, um tramita
em segredo de Justiça e os demais seguem em investigação nas respectivas
delegacias. De acordo com o levantamento fornecido pela SSPDS, a chacina deste
ano foi registrada em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza), em junho.
Já os casos de triplo homicídio aconteceram em Maracanaú, Quixadá (dois casos),
São Gonçalo do Amarante, Aquiraz e nos bairros Cidade 2000, Vila Manuel Sátiro
e Siqueira, em Fortaleza. O único caso que já teve inquérito concluído é o de
Maracanaú, que resultou no indiciamento do ex-policial militar Francisco Paiva
de Macedo Sobrinho.
Casos
Em fevereiro,
na Cidade 2000, as vítimas são dois jovens de 15 anos e um de 19. Em junho
houve um caso em Quixadá, em que foram mortos três policiais militares. Segundo
a SSPDS, o processo corre em segredo de Justiça. O POVO apurou que há
informações de prisões relacionadas ao crime. Um mês depois, outras três
pessoas foram mortas na Cidade e o caso está com a Delegacia Regional. Ainda em
julho, três homens foram executados em uma casa de praia na Taíba, em São
Gonçalo do Amarante. E, em agosto, as vítimas foram três adolescentes, de 12,
16 e 19 anos, no bairro Vila Manuel Sátiro. Ainda naquele mês, outro triplo
homicídio foi registrado no bairro Siqueira. O mais recente foi em Tapuio,
Aquiraz.
Análise
Reforçando os
números, o especialista em Segurança Pública e doutorando em Educação pela
Universidade Federal do Estado do Ceará (UFC), tenente Anderson Duarte, diz que
o perfil das vítimas de morte coletivas é o de pessoas com uma vida que parece
ter um “valor menor”. Por isso, indica, essas mortes são pouco investigadas e
causam pouca comoção. “O que se procura logo quando essas pessoas morrem é
saber se elas tinham ou não uma ficha criminal. Se tiver e for morador de
determinado lugar não se investiga, não se comove”, analisa. O especialista
considera que quando morre alguém com alto poder aquisitivo, todos se comovem e
a sociedade cobra Justiça.
Para Anderson,
essa lógica é a mesma para as mortes de profissionais de segurança que, segundo
ele, não geram comoção social. “O que nós temos é uma desvalorização da vida, uma
política que tem atingido tanto o PM quanto as camadas mais pobres da
população”, alerta.
Ainda de
acordo com o pesquisador, não se deve culpar a Polícia Civil, responsável por
apurar os casos, por falta de investigação, pois existe o sucateamento da
instituição ao longo de décadas, não somente no Ceará.
Fonte: O Povo
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